
Alexandre de Moraes não está aceitando as críticas de forma passiva. O ministro do STF planeja uma resposta “rápida e direta” contra quem ele acredita ser a fonte das denúncias sobre seus contratos com o Banco Master. O alvo? Um banqueiro da Faria Lima que teria orquestrado o vazamento das informações.
Segundo fontes próximas ao ministro, Moraes estaria “com sede de vingança” após as reportagens que expuseram o contrato de R$ 3 milhões mensais entre o Banco Master e o escritório de advocacia de sua esposa e filhos. A estratégia lembra o caso Vaza Jato, quando o ministro abriu inquérito contra Eduardo Tagliaferro, jornalista que foi fonte de denúncias.
O que mais irritou o magistrado não foram apenas as acusações de pressão sobre o Banco Central. O problema foi a exposição de sua família. Sua esposa Viviane e seus três filhos aparecem como beneficiários de um contrato milionário com um banco quebrado, sem contrapartida clara de serviços prestados.
A família Moraes no centro da polêmica
Os detalhes do contrato chamam atenção pela generosidade. O Banco Master, uma instituição com problemas financeiros conhecidos, pagava R$ 3 milhões mensais para o escritório da família Moraes. Em troca, não há registros claros de serviços efetivamente prestados ao banco.
A esposa do ministro, Viviane Barp, e os três filhos do casal assinaram o contrato diretamente. Para Moraes, a exposição pública deles “ultrapassou qualquer limite”, transformando-se em “ataque pessoal e familiar”. Ele usa os mesmos argumentos de sempre: criticar o ministro é atacar a democracia.
A narrativa segue o padrão conhecido. Quando era alvo de críticas na época de Bolsonaro, Moraes transformava questionamentos pessoais em “ataques à instituição”. Agora repete a fórmula: não se trata de corrupção familiar, mas de um movimento para “desmoralizar o Supremo Tribunal Federal”.
O ministro divulgou três notas à imprensa negando as acusações, cada uma corrigindo a anterior. Nega “de forma taxativa” a existência de telefonemas e reuniões sobre o Banco Master. Mas as contradições entre as versões oficiais só aumentaram a desconfiança.
O banqueiro por trás do vazamento
Moraes já identificou o suspeito. Trata-se de um “grande banco brasileiro”, mais especificamente um banqueiro da Faria Lima. As evidências apontam para André Lara Resende como possível fonte, embora isso seja especulação baseada em conexões políticas recentes.
O BTG Pactual, banco de Esteves, esteve envolvido nas negociações relacionadas à Lei Magnitsky. O banqueiro teria participado de reuniões nos Estados Unidos com representantes do governo Trump. A hipótese é que houve um acordo: retirada das sanções em troca de ações contra Moraes no Brasil.
Segundo reportagens anteriores, pelo menos seis fontes independentes confirmaram as informações sobre o Banco Master. Mas o “tocador de tambor” teria sido um grande banqueiro brasileiro. A cronologia sugere conexão com as negociações internacionais envolvendo a nova administração americana.
O timing não é coincidência. Após Trump retirar as sanções Magnitsky contra Moraes, começaram a surgir as denúncias sobre o Banco Master. Para alguns analistas, trata-se do cumprimento da parte brasileira de um acordo geopolítico mais amplo.
A diferença entre Eduardo Tagliaferro e André Esteves
Moraes tem histórico de perseguir jornalistas e fontes que o incomodam. Eduardo Tagliaferro, do site Crusoé, foi alvo de inquéritos e investigações após revelar conversas de autoridades do STF. O ministro literalmente “comeu” Tagliaferro, nas palavras usadas para descrever a perseguição.
Mas André Esteves representa um desafio diferente. O banqueiro tem poder econômico e conexões políticas que Eduardo Tagliaferro nunca teve. Está ligado ao governo Lula através de negociações internacionais e tem influência no mercado financeiro brasileiro.
Se Joesley Batista também estiver envolvido na operação, a situação fica ainda mais complicada para Moraes. Os dois empresários têm trânsito livre no Palácio do Planalto e participaram ativamente das articulações que levaram Lula de volta ao poder em 2022.
“Essa piscina não dá pé para o Alexandre de Moraes”, resume bem o tamanho do problema. Perseguir jornalistas independentes é uma coisa. Enfrentar banqueiros com conexões internacionais e apoio do próprio governo que o sustenta é completamente diferente.
A imprensa dividida e o jogo de interesses
Nem toda a imprensa brasileira aderiu ao bombardeio contra Moraes. Enquanto Globo, Estado de S. Paulo e outros veículos investigam os contratos suspeitos, há resistência em publicações alinhadas com o governo atual.
O Blog do Noblat, por exemplo, questiona a qualidade jornalística das denúncias. Segundo Ricardo Noblat, ou surgem provas concretas de que Moraes mentiu, ou a imprensa “errou feio” ao acreditar em “boatos espalhados por agentes financeiros da Faria Lima”.
A divisão revela o jogo de interesses por trás da crise. Parte da mídia que apoiou Moraes contra Bolsonaro agora o abandona. Outra parte mantém a defesa, tratando tudo como campanha difamatória de banqueiros insatisfeitos.
O próprio Noblat confirma a origem das informações: “agentes financeiros da Faria Lima”. Isso reforça a versão de que grandes bancos estão por trás da operação contra o ministro. A questão é saber se Moraes terá força para revidar.
O BTG Pactual no centro das suspeitas
Entre os grandes bancos brasileiros, o BTG Pactual se destaca como o mais provável suspeito. Diferentemente do Bradesco ou Itaú, que são “altamente impessoais” e com estruturas quase públicas, o BTG mantém perfil mais político e personalizado.
André Esteves esteve envolvido nas negociações sobre a Lei Magnitsky nos Estados Unidos. Participou de reuniões relacionadas ao fim das sanções contra autoridades brasileiras, incluindo o próprio Moraes. Essa conexão direta com o caso atual não pode ser ignorada.
O banco também teve participação nas articulações políticas de 2022. Junto com outros empresários, Esteves apoiou a candidatura de Lula contra Bolsonaro. A justificativa era acabar com a “polarização” e retomar a “normalidade democrática”.
Agora, esses mesmos atores podem estar cobrando o preço do apoio prestado. Se realmente há um acordo para remover Moraes do cenário político, faz sentido que partisse de quem tem poder para executá-lo. E poucos têm mais poder que os grandes banqueiros da Faria Lima.
A vingança que pode sair pela culatra
Se Moraes decidir partir para o confronto direto, pode estar cometendo um erro estratégico. Perseguir jornalistas independentes é fácil. Eles não têm estrutura para se defender nem apoio institucional significativo. Banqueiros são outra categoria completamente diferente.
André Esteves tem conexões internacionais, recursos financeiros ilimitados e trânsito livre nos centros de poder brasileiro e americano. Mais importante: tem o apoio implícito do governo Lula, de quem é aliado desde as negociações pré-eleitorais.
A ironia é evidente. Os mesmos empresários que ajudaram a eleger Lula em 2022 podem estar por trás da campanha para derrubar seu principal defensor no Judiciário. Isso mostra como o poder real no Brasil funciona: não são os políticos que mandam, mas quem financia suas campanhas.
Para o cidadão comum, pouco importa quem ganha essa guerra. Moraes representa a concentração de poder judiciário que atropela direitos individuais. Os banqueiros representam o poder econômico que manipula o sistema político. Qualquer resultado será ruim para quem apenas quer viver em paz.
A situação revela a natureza do Estado brasileiro: uma máquina de privilégios onde diferentes grupos disputam o controle dos recursos públicos. Não há mocinhos nessa história, apenas diferentes tipos de aproveitadores do sistema.
Resta saber se Moraes terá coragem de partir para o confronto aberto ou se vai recuar diante da pressão. A resposta dirá muito sobre os verdadeiros donos do poder no Brasil. E você, acha que o ministro vai ter força para enfrentar os banqueiros da Faria Lima?

