
A Narrativa Rachou: Reflexões sobre o Supremo e a Ética no Brasil
Introdução: A Crise da Imparcialidade no Judiciário
A recente matéria de Malu Gaspar, publicada em “O Globo”, trouxe à tona uma série de questionamentos sobre a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) e suas implicações no cenário político brasileiro. O texto sugere que, após anos de abusos de poder, o tribunal precisa urgentemente retornar aos seus limites constitucionais. Essa narrativa revela a complexidade e a tensão entre a justiça e a política, destacando práticas que violam princípios fundamentais.
Os Limites do Poder: Decisões Controversas do STF
A crítica à atuação do STF, e especialmente do ministro Alexandre de Moraes, ressalta uma série de decisões que extrapolaram não apenas os limites da interpretação legal, mas também os da ética judicial. Casos emblemáticos, como prisões preventivas sem acusação formal e decisões monocráticas sem a participação do Ministério Público, têm gerado um clima de desconfiança em relação à integridade do sistema judiciário. Moedas de troca moral foram aceitas como justificativas para ações que agora são apresentadas como “necessárias na luta contra o inimigo certo”.
O Silêncio da Imprensa e a Reação Tardia
O silêncio prolongado da imprensa diante de abusos evidentes, quando o alvo era Jair Bolsonaro e seus aliados, levanta a questão do comprometimento da neutralidade jornalística. Em vez de um monitoramento crítico, houve uma omissão que agora parece ter se revertido em análises tardias. O reconhecimento dos erros do passado, embora necessário, parece superficial, como se o desvio de conduta do judiciário e sua conivência com abusos só fossem permitidos na busca por um objetivo político.
A Fragilização do Estado de Direito
Casos como a morte de Clesão, que aguardava julgamento e tinha uma recomendação formal para ser liberado, ilustram as consequências fatais do desrespeito à integridade do processo legal. O fato de que o STF permitiu tais falhas é uma ruptura não apenas de normas, mas de valores éticos fundamentais que garantem a dignidade humana. Isso provoca uma reflexão profunda sobre o papel do Estado na proteção de seus cidadãos, especialmente aqueles que estão sob sua custódia.
Inquérito das Fake News: A Justiça em Nome da ‘Democracia’
A gênese do inquérito das fake news, que começou com o intuito de investigar bolsonaristas, revela a fragilidade dos paradigmas de justiça adotados. Ao transformar uma investigação em ferramenta de blindagem para ministros, o STF ampliou sua própria margem de manobra em detrimento da legalidade. O objetivo de garantir a democracia foi utilizado como justificativa para o desvio institucional, colocando em cheque os limites do poder judiciário.
As Manobras Processuais e a Influência Política
Movimentos estratégicos, como a transferência do julgamento de Bolsonaro para a primeira turma do STF, expõem a fragilidade da estrutura judiciária. A formação dessa turma, que incluía aliados de um passado político adversário e um número reduzido de ministros, exemplifica a manipulação deliberada do processo judicial. Essas táticas sinalizam não apenas uma escolha processual, mas uma direção política que levanta flagrantemente questões sobre a imparcialidade do sistema.
A Promiscuidade Institucional e o Papel do Banco Master
Uma inquietante análise surge com a revelação das relações do Banco Master com o judiciário. Não se trata apenas de um banco envolvido em fraudes bilionárias, mas de uma máquina de influência que corrompeu a ética institucional. Os gastos exorbitantes em consultorias, que beneficiaram diretamente familiares de ministros, ilustram uma teia de corrupção sistêmica que exige crítica e vigilância.
Conclusão: O Caminho a Ser Percorrido
Finalmente, a matéria de “O Globo” provoca uma reflexão necessária sobre as falhas do sistema judiciário e a urgentíssima necessidade de reverter os abusos que se estabeleceram ao longo dos anos. A crítica ao STF, embora tardia, evidencia a necessidade de restabelecer os limites constitucionais e a posição da justiça em sua função primordial: a defesa do Estado de Direito.
O momento atual é crucial. A partir de agora, um dever cívico se impõe: a vigilância sobre o judiciário deve ser incessante. A reconstrução da integridade e da ética no sistema judiciário brasileiro não apenas é uma obrigação, mas um passo indispensável para restaurar a confiança da população nas instituições. A história ainda está em construção, e as imagens dos próximos capítulos precisam ser melhores do que as do passado recente.


