
O Brasil parou na noite de Natal de 2025 para ouvir o presidente da República em pronunciamento nacional. Lula da Silva pintou um país de vitórias e reconstrução, um Brasil histórico que saiu vencedor em 2025. Mas os números oficiais contam uma história bem diferente. Enquanto o governo comemora recordes de arrecadação, a economia brasileira lida com inflação persistente, indústria estagnada e escândalos bilionários que sumiram do discurso presidencial.
Nota editorial: Este conteúdo tem caráter analítico e opinativo, baseado em debates públicos e fontes abertas. Não afirma como fatos comprovados condutas ilegais ou ilícitas. Seu objetivo é promover reflexão crítica sobre temas de interesse público.
A inflação que corrói o salário do trabalhador
A realidade dos brasileiros em 2025 foi marcada pela inflação persistente, especialmente no grupo alimentação. Os dados do IBGE mostram que os alimentos apresentaram nove meses seguidos de alta até maio de 2025, com acumulado de 12 meses chegando a 7,68% em março. Para as famílias de baixa renda, que destinam maior parcela da renda para alimentação, o impacto foi devastador.
O governo pode comemorar que a inflação geral ficou dentro da meta, mas essa média esconde a realidade de quem precisa colocar comida na mesa. Itens básicos dispararam: tomate subiu 22,55%, café moído 8,14% e ovo de galinha 13,13% em março. Isso não apareceu no discurso otimista de Natal.
A inflação de serviços também permanece teimosa. Enquanto o IPCA geral roda perto de 4,4%, a inflação de serviços está em 6% desde agosto, sem indicação de queda. Cabeleireiro, manicure, mecânico – todos os serviços básicos ficaram mais caros. O trabalhador brasileiro sente isso no bolso todos os dias.
Para controlar essa inflação persistente, o Banco Central manteve os juros em patamares elevados. A taxa básica chegou a 15% ao ano, maior nível desde julho de 2006. O remédio para a inflação se tornou um veneno para a economia, travando investimentos e sufocando o crédito.
O recorde de arrecadação que não resolve nada
Enquanto o brasileiro lutava contra a inflação, o governo federal batia recordes históricos de arrecadação. A arrecadação fechou 2024 em R$ 2,709 trilhões, o maior valor da série histórica iniciada em 1995, representando crescimento real de 9,6%. Em 2025, a máquina arrecadadora continuou funcionando a todo vapor.
Os números são impressionantes: nos dez primeiros meses de 2025, a arrecadação somou R$ 2,367 trilhões, alta de 3,20% em termos reais. Para se ter uma ideia da voracidade tributária, em apenas quatro meses de 2025, o governo já havia arrecadado mais de R$ 1 trilhão em impostos.
O governo celebra esses recordes como prova de competência. Na verdade, são o sintoma de um Estado que cresce sem parar. A carga tributária bateu recorde em 2024, atingindo 34,2% do PIB. O brasileiro trabalha mais de 149 dias por ano só para pagar impostos ao governo.
Mesmo com toda essa arrecadação recorde, o governo não conseguiu equilibrar as contas. A expectativa é de rombo de R$ 30,2 bilhões em 2025, mesmo com a meta de zerar o deficit. Mais imposto, mais gasto, mais dívida. O ciclo não para.
A indústria que não consegue decolar
O discurso presidencial falou em reconstrução, mas a indústria brasileira continua patinando. Os dados do PIB mostram uma realidade bem diferente do otimismo oficial. A indústria se encontra 3,4% abaixo do nível mais alto, atingido no terceiro trimestre de 2013. Ou seja, a indústria não se recuperou nem dos níveis de uma década atrás.
A política de juros altos adotada para controlar a inflação tem efeito direto sobre o setor industrial. As atividades de transformação e construção, que dependem de crédito, são mais afetadas por esse cenário de política monetária restritiva. O resultado é uma indústria sem fôlego para investir e crescer.
O PIB industrial vem perdendo força ao longo de 2025. As projeções para a indústria foram revisadas para baixo, de 1,4% para 1,3%. A tendência é de desaceleração, reflexo direto dos juros elevados e da falta de um ambiente propício aos negócios.
Uma indústria fraca significa empregos de baixa qualidade e produtividade estagnada. O Brasil não consegue sair da armadilha da renda média porque não tem uma base industrial forte. Sem indústria competitiva, sobra trabalho informal e dependência crescente do Estado.
O emprego que virou subemprego
O governo comemora os números do emprego, mas a realidade por trás das estatísticas é bem diferente. O crescimento do emprego formal esconde uma deterioração na qualidade dos postos de trabalho criados. A maior parte das vagas abertas concentra-se em setores de baixa remuneração e alta rotatividade.
O problema não é apenas a qualidade dos empregos, mas também a dependência crescente de programas assistenciais. Em vários recortes regionais, o número de beneficiários de programas sociais já supera o número de trabalhadores formais do setor privado. Isso não é inclusão produtiva, é gestão permanente da pobreza.
A situação fica mais preocupante quando se analisa a informalidade. Milhões de brasileiros que trabalhavam na informalidade entraram definitivamente no radar da Receita Federal. Com alterações na legislação como o Decreto nº 12.499/2025, o informal agora virou base tributária. O que antes era bico livre de impostos, agora tem que recolher para o governo.
O resultado é perverso: o trabalhador informal, que já ganhava pouco, agora precisa dividir sua renda com o Estado. O governo transformou a necessidade de sobrevivência em fonte de arrecadação. Não mencionou isso no pronunciamento de Natal, obviamente.
O escândalo do INSS que não apareceu na TV
Enquanto Lula pintava o Brasil otimista na televisão, o país lidava com um dos maiores escândalos de sua história: a fraude bilionária no INSS. O esquema investigado pela Polícia Federal estima prejuízo de R$ 6,3 bilhões durante os governos Bolsonaro e Lula, sendo 64% deste valor referente a 2023 e 2024.
As investigações da Polícia Federal e auditorias do Tribunal de Contas da União revelaram um esquema sofisticado de fraudes que atingiu diretamente aposentados e pensionistas. Cerca de 5,4 milhões de pessoas podem ter sido vítimas da fraude. São pessoas que trabalharam a vida inteira e viram seu dinheiro desaparecer das contas.
O escândalo é ainda mais grave porque há indícios de que figuras ligadas ao entorno familiar do presidente aparecem em estruturas que orbitam o sistema previdenciário. José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, irmão de Lula, é dirigente sindical e atua com entidades que operam convênios com o INSS – exatamente o mecanismo sob investigação.
Fábio Luís Lula da Silva, filho do presidente, também aparece no sistema sindical associativo que orbita o modelo de desconto do INSS. Embora não esteja indiciado, seu nome é citado em reportagens e requerimentos por participações em estruturas que mantêm vínculos com entidades investigadas no centro do escândalo.
As estatais que quebram com dinheiro público
O governo que celebra a economia não consegue gerir suas próprias empresas. Os Correios caminham para o maior prejuízo de sua história. Em 2020, entidades descontaram 36 milhões de reais do INSS. Em 2024, o valor chegou a 2,4 bilhões. As projeções internas apontam rombo de R$ 10 bilhões em 2025.
A empresa não tem acesso a crédito, não se sustenta operacionalmente e o próprio governo já admite a necessidade de socorro direto do Tesouro Nacional. Traduzindo: dinheiro do contribuinte para cobrir prejuízo de estatal mal gerida. Quando uma empresa privada quebra, ela fecha. Quando uma estatal quebra, quem paga é o brasileiro via imposto.
Essa é a diferença cruel entre o setor público e privado. Enquanto as estatais são socorridas com dinheiro público, em 2025 o Brasil registrou cerca de 2.273 pedidos de recuperação judicial no setor privado, o maior número da série histórica. Empresa privada quebra sozinha, estatal quebra com ajuda do contribuinte.
O resultado dessa política é previsível: empresários fogem do país. Centenas de empresas brasileiras migram operações para o Paraguai, onde a conta fecha. Lá, o imposto de renda corporativo é 10%. Aqui, chega a mais de 34%. A energia elétrica industrial custa metade do preço. O Brasil expulsa capital produtivo enquanto mantém estatais deficitárias funcionando.
A dívida que cresce R$ 1 bilhão por dia
O dado mais assustador que não apareceu no discurso presidencial foi a trajetória da dívida pública. Segundo o Banco Central, a dívida bruta do governo cresceu mais de R$ 1 trilhão durante o governo Lula. Isso equivale a cerca de R$ 1 bilhão por dia sendo torrado acima do que o governo arrecada.
O pior é que esse aumento da dívida não veio acompanhado de investimento produtivo. A dívida bruta do governo geral está em 77,5% do PIB, tendo aumentado 5,8 pontos percentuais no governo Lula, correspondendo a R$ 9,6 trilhões em valores absolutos. O dinheiro foi para gasto corrente, custeio, emendas parlamentares e socorro a estatais.
Só em juros da dívida, o Brasil caminha para gastar quase R$ 1 trilhão por ano – isso apenas para pagar juros, sem reduzir a dívida principal. Em 2024, só o governo federal foi responsável por deficit nominal de 7,67% do PIB, ou R$ 900,57 bilhões.
Mais de 90% do orçamento federal já está comprometido com despesas obrigatórias, deixando praticamente zero espaço para investimento. Se quiser investir, o governo precisa aumentar dívida ou aumentar imposto. Não há terceira opção com a atual estrutura de gastos públicos.
O Congresso que drena recursos em escala industrial
Enquanto o país enfrenta dificuldades econômicas, o Congresso Nacional segue drenando recursos em escala industrial. Só em emendas parlamentares, o orçamento anual já ultrapassa os R$ 50 bilhões, segundo dados do próprio orçamento da União. Grande parte funciona como moeda de troca política, com baixa transparência e impacto questionável.
O Fundão Eleitoral também explodiu, girando em torno de R$ 6 bilhões. Isso garante campanhas milionárias para políticos que nunca trabalharam na vida, enquanto empresas fecham as portas por falta de crédito e excesso de burocracia. O dinheiro público financia a perpetuação no poder de quem contribui pouco para a produtividade do país.
Direita e esquerda se juntam para aprovar projetos que prejudicam o brasileiro comum. A taxa das blusinhas foi aprovada com amplo apoio bipartidário. A reforma tributária, que vai complicar ainda mais a vida dos empresários e trabalhadores, também teve apoio quase unânime. Quando é para aumentar a conta do cidadão, não há divergência ideológica.
O Congresso deveria fiscalizar o Executivo e defender o interesse público. Na prática, funciona como sócio do governo na distribuição de recursos públicos. Cada deputado e senador quer sua fatia do orçamento, independentemente da eficiência ou necessidade do gasto.
A conta que não fecha nunca
A matemática é simples e devastadora. O governo bate recorde de arrecadação, mas também bate recorde de gastos. A trajetória crescente da cobrança de impostos não é suficiente para equilibrar as contas públicas. Mesmo batendo recordes de arrecadação, a conta continua não fechando.
O problema fundamental é que o Estado brasileiro virou uma máquina de gastar. Cada real arrecadado a mais vira justificativa para gastar dois. Não há limite, não há critério, não há eficiência. O governo gasta como se o dinheiro fosse infinito, mas quem paga a conta é sempre o mesmo: o trabalhador brasileiro.
A inflação persistente, os juros altos, a indústria estagnada e os escândalos bilionários são sintomas do mesmo problema: um Estado que cresceu além da conta. O aumento dos gastos e a consequente elevação da dívida pesam no descompasso da política fiscal, com trajetória galopante que preocupa.
Enquanto o cidadão comum aperta o cinto para pagar as contas, o governo expande gastos sem critério. Quando a família gasta mais do que ganha, ela quebra. Quando o governo gasta mais do que arrecada, ele aumenta imposto e endivida as próximas gerações. A irresponsabilidade fiscal tem nome e endereço.
O Brasil que Lula descreveu no pronunciamento de Natal existe apenas na televisão. Fora dela, o país real lida com inflação alta, juros elevados, indústria combalida e escândalos que mancham a credibilidade das instituições. A pergunta que fica é: até quando o brasileiro vai aceitar pagar a conta de um Estado que só cresce, mas não entrega resultados?
Você reconhece o Brasil otimista descrito no pronunciamento presidencial? Ou a sua realidade se parece mais com os dados que não apareceram no discurso oficial? A partir dessa resposta é que o resto do debate pode começar.

