dezembro 24, 2025

Ludwig M

Lula vazou pressão de Moraes sobre Galípolo na Faria Lima

Lula vazou pressão de Moraes sobre Galípolo na Faria Lima

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi quem espalhou na Avenida Faria Lima que Alexandre de Moraes pressionou o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, sobre o caso do Banco Master. A informação foi revelada pelo Poder360, que ouviu dois banqueiros da região financeira paulista sobre conversas que aconteciam há pelo menos dois meses nos bastidores do poder.

Segundo a reportagem, Lula relatava que Moraes havia telefonado para Galípolo cinco vezes em um único dia. Esses contatos, além de um encontro pessoal, coincidiram com a iminente decisão do Banco Central sobre a operação de venda do Banco Master para o BRB. O próprio Galípolo teria sido quem avisou Lula sobre essas pressões.

A situação ganha contornos mais graves quando se considera que Viviane Bars, esposa de Moraes, foi contratada pelo Banco Master. Seus honorários chegaram a R$ 3,6 milhões por mês, durante 36 meses, totalizando R$ 129 milhões. Um valor astronômico que levanta questões óbvias sobre conflito de interesses.

O que mais chama atenção é como essa informação circulava livremente entre banqueiros, ministros e autoridades, enquanto o público permanecia no escuro. O mercado financeiro sempre soube mais do que deveria sobre decisões que afetam milhões de brasileiros.

O Banco Central confirma reuniões mas nega o óbvio

Tanto Alexandre de Moraes quanto o Banco Central emitiram comunicados ontem tentando minimizar a situação. Ambos confirmaram que houve reuniões, mas afirmaram que foram apenas para tratar da Lei Magnitsky. Uma explicação conveniente que não engana ninguém.

O problema é simples: se as reuniões foram só sobre Magnitsky, por que Galípolo se sentiu pressionado? Por que ele chegou a mostrar mensagens de texto que recebeu de Moraes? Por que tudo isso aconteceu exatamente quando se discutia o futuro do Banco Master?

O contrato entre Viviane Bars e o Master nunca foi divulgado na íntegra. Não se sabe quanto foi efetivamente pago, quais serviços foram prestados, nem quantos pagamentos foram feitos. A transparência que tanto se exige do setor privado desaparece quando envolve o círculo íntimo do poder.

Galípolo tem negado veementemente ter sofrido pressão de Moraes. Mas técnicos do Banco Central afirmaram o contrário. Alguém está mentindo, e a verdade pode estar registrada no celular do presidente da autoridade monetária. Afinal, ele mesmo disse que tudo está registrado.

Lula espalhou a informação por motivos políticos

A revelação de que foi Lula quem divulgou essas informações não é casual. O presidente relatou o episódio em ocasiões diferentes a vários interlocutores: banqueiros, o ministro da Fazenda Fernando Haddad e outros ministros do STF. Uma estratégia clara de queimar Alexandre de Moraes.

A relação entre Lula e Moraes sempre foi de conveniência. Ambos tinham um inimigo comum: Jair Bolsonaro. Com o ex-presidente fora de jogo, pelo menos temporariamente, a aliança não faz mais sentido. Moraes nunca foi esquerdista no padrão Lula, sempre foi PSDB, centro-esquerda.

Lula tem motivos estratégicos para se livrar de Moraes. A relação com Donald Trump é fundamental para as eleições de 2026. O presidente americano sabe que Lula sozinho não consegue emplacar as leis de censura no Brasil. Foi Moraes e o STF que forçaram a barra, não o Congresso.

Oferecer Moraes como sacrifício pode ser a moeda de troca para melhorar as relações com os Estados Unidos. Trump se preocupa principalmente com as empresas americanas que sofrem com a censura digital brasileira. Tirar Moraes da jogada resolve vários problemas de uma vez.

O mercado financeiro sempre soube de tudo

Os banqueiros da Faria Lima têm acesso a informações privilegiadas há anos. Eles ganham dinheiro com isso. Saber o que acontece nos bastidores do governo é fundamental para as decisões de investimento. Por isso sempre estão à frente das notícias que chegam ao público.

Em outubro de 2025, ou seja, há pelo menos dois meses, o Poder360 já ouvia esses rumores na região financeira paulista. A informação circulava livremente entre quem realmente importa no sistema financeiro brasileiro. O resto da população ficou sabendo apenas agora.

Essa assimetria de informações é uma das faces mais perversas do sistema brasileiro. Quem tem acesso ao poder tem acesso à informação. Quem tem informação tem vantagem no mercado. Quem tem vantagem no mercado acumula mais poder. Um ciclo vicioso que beneficia sempre os mesmos.

A verdade é que Brasília foi inundada por esses rumores nos últimos dois meses. Dentro do STF, o boato ganhou corpo rapidamente. Todo mundo sabia, menos quem deveria saber: o povo brasileiro que paga os salários de todos esses personagens.

Moraes pode partir para o ataque

Alexandre de Moraes não é ingênuo. A essa altura, já percebeu que está sendo fritado. Não são apenas jornalistas ou a extrema direita atacando ele. É o próprio sistema expelindo um de seus membros. E isso muda completamente o jogo político.

O ministro tem duas opções. A primeira é aceitar o cabresto e sair de forma negociada. Talvez renuncie ao STF ou negocie algum tipo de saída honrosa. Seria a escolha mais prudente para alguém que ainda tem muito a perder.

A segunda opção é partir para a briga total. Moraes tem poder suficiente para causar muito estrago. Ele pode acusar Lula, Galípolo e qualquer outro que considere necessário. Se conseguiu condenar Bolsonaro com base em evidências questionáveis, imagine o que pode fazer com Lula.

O ministro tem informações que podem destruir carreiras e governos. Conhece os esquemas, sabe onde estão enterrados os corpos. Se decidir não ir sozinho, pode levar meio Brasília junto. Uma guerra que ninguém deveria desejar, mas que pode ser inevitável.

Damares entra com pedido de impeachment

A senadora Damares Alves protocolou representação criminal e pedido de impeachment contra Alexandre de Moraes na Procuradoria-Geral da República. Também enviou convite ao Senado para que o ministro explique as revelações sobre suas conversas com Galípolo.

O pedido de impeachment pode não prosperar, mas cria pressão política adicional sobre Moraes. A representação criminal deveria ter ido direto ao STF, já que é Edson Fachin quem deve investigar crimes de ministros da Corte. Paulo Gonet, atual PGR, dificilmente fará algo substancial.

Mesmo assim, a iniciativa de Damares marca um momento importante. Pela primeira vez, um parlamentar com peso político real entra formalmente contra Moraes. Não são mais apenas críticas na imprensa ou redes sociais. É o sistema político reagindo.

A pressão sobre Fachin também aumenta. Como presidente do STF, ele terá que decidir se ignora as acusações ou se permite algum tipo de investigação. Qualquer decisão que tome será politicamente custosa.

A esquerda dividida revela o tamanho do problema

O mais revelador nessa história é como a própria esquerda está dividida. Esquerdistas raiz defendem Moraes, enquanto o centro-esquerda do PSDB ataca o ministro. Josias de Souza e outros colunistas tradicionais estão metendo o pau em Moraes sem piedade.

Essa divisão mostra que nem mesmo os aliados sabem mais em quem confiar. Se Viviane não fosse esposa de Moraes, ele mesmo chamaria a Polícia Federal para investigar o contrato com o Banco Master. A hipocrisia é tão óbvia que até seus defensores ficam constrangidos.

O caso expõe a podridão do sistema de uma forma que nem os mais críticos imaginavam. Não é corrupção simples, é a captura total das instituições por interesses privados. Quando a esposa do ministro que julga bancos recebe milhões desses mesmos bancos, o sistema implode.

A situação está tão escandalosa que nem a militância consegue defender com convicção. Os argumentos ficam fracos, as justificativas soam patéticas. Até quem sempre defendeu o STF começa a questionar se não passou dos limites.

Conclusão: quando o sistema se devora

O que assistimos não é uma crise isolada, mas o sistema político brasileiro se devorando. Lula fritando Moraes, Moraes pressionando Galípolo, banqueiros sabendo de tudo antes do povo. Um ciclo de corrupção e chantagem que finalmente veio à tona.

A questão não é torcer para Lula ou Moraes. É entender que ambos representam a mesma lógica de poder concentrado e informação privilegiada. Quanto mais brigarem entre si, mais fraco fica o sistema que oprime o cidadão comum. Cada escândalo que explode é uma vitória para quem defende um Estado menor e mais transparente.

O pior de tudo é saber que essa é apenas a ponta do iceberg. Se essas informações vazaram, imagine quantas outras permanecem enterradas nos gabinetes de Brasília. O Brasil merece mais do que assistir a briga de compadres pelo controle do poder.

E você, ainda acredita que essas instituições trabalham pelo interesse público?

Fontes

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