
Os Correios podem não conseguir pagar o 13º salário dos funcionários em 2025. A declaração bombástica veio de um superintendente da empresa durante reunião no Tribunal Superior do Trabalho (TST): “Não teremos recurso para pagamento do 13º salário”.
A crise se agrava rapidamente. Primeiro, a empresa cortou o Vale Peru, benefício de até R$ 2.500 por funcionário para as festas de fim de ano. Agora, o próprio 13º salário está em risco. Os funcionários já ameaçam greve neste final de ano, justamente quando o volume de entregas dispara.
O governo Lula criou essa situação. Encheu os Correios de cabides de emprego políticos e agora não quer bancar o prejuízo. A saída encontrada? Culpar os próprios clientes.
O plano fracassado dos R$ 20 bilhões
Por trás da crise está o fracasso do plano de financiamento dos Correios. A empresa tentou conseguir R$ 20 bilhões emprestados no mercado financeiro, mas os bancos cobraram juros altos. Motivo: sabem que é uma operação arriscada.
Lula ofereceu garantia governamental, mas os bancos não são ingênuos. Sabem que governos mudam e que essa operação tem cara de pedalada fiscal. O próprio mercado rejeitou o plano por desconfiar da sustentabilidade da dívida.
Sem o empréstimo, os Correios ficaram sem dinheiro para despesas básicas. Não há recursos para o 13º, para reajustes salariais, nem sequer para o Vale Peru. A empresa estatal que deveria ser autossustentável virou um buraco sem fundo.
O presidente se recusa a injetar dinheiro público diretamente nos Correios porque isso comprometeria os gastos eleitorais de 2026. Prefere transferir o problema para o mercado privado, mesmo sabendo que é uma manobra questionável.
A nova desculpa: a culpa é dos clientes
O governo encontrou um novo culpado para a crise dos Correios: os próprios clientes. Segundo a narrativa oficial, as empresas de e-commerce “dificultam o plano da estatal para se reerguer” porque exigem entregas eficientes.
A lógica é surreal. Os Correios reclamam que os clientes “ficam insistindo em fazer entrega” e que isso “atrapalha” a empresa. Como se o objetivo de uma transportadora não fosse justamente transportar.
Antes, a culpa era da taxa das blusinhas importadas. Depois, da universalização do serviço postal. Agora, são os clientes malvados que ousam querer receber suas encomendas. Cada mês surge um novo responsável pela incompetência estatal.
A verdade é simples: uma empresa que reclama dos clientes está confessando que não quer trabalhar. Se entregar em lugares remotos é caro, cobrem o preço justo. Se o serviço tem demanda, atendam com eficiência.
O mito da cobertura nacional exclusiva
Os Correios se vendem como a única empresa que atende todos os municípios brasileiros. É uma meia-verdade que esconde a real situação do mercado.
O Mercado Livre já entrega em 98% dos municípios brasileiros. Outras empresas privadas atendem 80% das entregas de e-commerce de forma mais barata e eficiente. Os Correios fazem diferença real apenas em 2% dos municípios.
Mesmo nesses casos isolados, não há impedimento para cobrar o preço correto. Se custa caro entregar no meio da selva amazônica, cobrem caro. É assim que funciona qualquer negócio saudável.
A desculpa de que não podem ajustar preços é falsa. A obrigação legal é entregar correspondências, não encomendas. Para encomendas, podem cobrar o que quiserem e devem cobrar o suficiente para ter lucro.
A real causa da crise: cabides de emprego
O problema real dos Correios está na estrutura política que o governo Lula mantém e expande. A empresa virou depósito de apadrinhados políticos em cargos de direção e gerência.
Enquanto carteiros e funcionários da base merecem reajustes justos, os Correios sustentam uma estrutura inchada de cargos políticos que não agregam valor. São diretores, superintendentes e assessores que vivem de salários altos sem produzir resultados.
A “rigidez operacional” que tanto reclamam vem justamente dessas “influências políticas” que eles próprios admitem existir. Cada decisão passa por camadas de burocracia política antes de chegar ao mercado.
É impossível competir no mercado quando metade da empresa trabalha para agradar políticos e a outra metade tenta entregar encomendas. O resultado é o que vemos: prejuízo crônico e serviço de baixa qualidade.
Haddad e a “reinvenção” impossível
O ministro Fernando Haddad defende a “reinvenção dos Correios” como solução para a crise. A empresa até criou um marketplace próprio para competir com o comércio eletrônico, mas ninguém usa.
Como reinventar uma empresa que não consegue cumprir sua função básica? Os Correios querem oferecer novos serviços quando mal conseguem entregar encomendas corretamente.
Relatos mostram entregas falsificadas, onde funcionários preenchem formulários de tentativa de entrega sem nem sair para trabalhar. Três tentativas registradas com a mesma caneta, no mesmo dia, provam a farsa.
A única reinvenção que funcionaria é a privatização. Bolsonaro tentou fazer isso, mas Bruno Dantas, do TCU, travou o processo. Hoje, todos pagamos o preço dessa decisão política que privilegiou interesses corporativos.
O custo da incompetência estatal
Enquanto o governo inventa desculpas, quem paga a conta é o contribuinte brasileiro. Os Correios operam no vermelho há anos, sugando recursos que poderiam ir para saúde, educação ou segurança.
Os funcionários que realmente trabalham ficam sem 13º salário e reajuste. Os brasileiros ficam sem um serviço postal eficiente. E o governo segue protegendo os cabides de emprego que causaram essa bagunça.
A ameaça de greve no final do ano pode paralisar milhões de entregas justamente no período de maior movimento comercial. Mais uma vez, a população paga o preço da incompetência estatal.
No mercado livre, empresas que não atendem clientes quebram e são substituídas por outras melhores. No mundo estatal brasileiro, empresas que não funcionam inventam desculpas e pedem mais dinheiro público.
A crise dos Correios é o retrato perfeito de como o Estado destrói tudo que toca. Uma empresa com monopólio de correspondências, infraestrutura nacional e marca consolidada consegue a proeza de ir à falência. Só o governo tem esse talento.
Diante de tanta incompetência travestida de política pública, resta perguntar: até quando o brasileiro vai sustentar esse teatro de horrores com seu dinheiro?


