dezembro 4, 2025

Ludwig M

Trump negocia tirar sanções de Moraes em troca de pacote com Venezuela

Trump negocia tirar sanções de Moraes em troca de pacote com Venezuela

Os detalhes do acordo mostram até onde Trump está disposto a ir para resolver a questão venezuelana sem colocar soldados americanos em campo. A estratégia é clara: usar o Brasil como intermediário para convencer Maduro a renunciar sem resistência militar. Mas essa abordagem pode estar sendo mal calculada pelo governo americano.

O acordo das terras raras que não funciona na prática

A primeira parte do acordo envolve a concessão de terras raras brasileiras para exploração norte-americana. Desde novembro de 2024, os Estados Unidos firmaram um compromisso para investir 465 milhões de dólares na expansão das operações de mineração de Serra Verde, em Goiás. O investimento representa um dos maiores compromissos já assumidos pela DFC (Corporação Financeira de Desenvolvimento dos EUA) com infraestrutura crítica de mineração.

Mas existe um problema fundamental nessa proposta. O presidente Lula não tem poder legal para fazer essa concessão pela legislação brasileira. A concessão de terras raras é uma determinação burocrática que passa por órgãos específicos, não uma decisão presidencial direta. Além disso, a questão das terras raras tem muito menos importância estratégica do que aparenta.

O Brasil pode até extrair as terras raras da mina de Serra Verde, mas depois elas são colocadas em contêineres e enviadas para a China. Por quê? Porque apenas a China domina o processo de purificação e beneficiamento dessas substâncias. A mina em si tem pouco valor sem a capacidade de processamento, que o Brasil não possui e os Estados Unidos teriam que desenvolver.

Essa parte do acordo parece mais um teatro diplomático do que uma mudança real. É uma forma de o governo brasileiro dizer que “entregou alguma coisa” aos americanos, quando na prática o controle do mercado de terras raras continua nas mãos chinesas. A estratégia geopolítica para diminuir a dependência americana da China não se resolve apenas com mais uma mina.

Censura liberada: o acordo que muda pouco

A segunda parte da negociação envolve o fim da censura às mídias sociais e o cancelamento de impostos sobre as BigTechs. Durante as conversas, interlocutores de Trump teriam pedido o arquivamento do projeto de lei das BigTechs que o governo brasileiro enviou ao Congresso em setembro de 2025. Também pediram que não haja qualquer outra proposta com a mesma finalidade.

Aqui está o problema: Trump não está pedindo para voltar atrás nas decisões do STF ou nas leis de censura que já foram aprovadas. A negociação é apenas para não aprovar mais leis do mesmo tipo. Ou seja, toda a estrutura de censura que já existe continuaria funcionando normalmente. O governo apenas se comprometeria a não criar novas ferramentas de controle.

Isso significa que as leis terríveis que já passaram pelo Congresso, os impostos que já foram aprovados e os poderes que Alexandre de Moraes já conquistou permanecem intocados. O acordo é literalmente: “agora que já colocamos censura em tudo, prometemos não colocar mais”. É como aceitar uma violência e pedir apenas que ela não piore.

O projeto de lei que seria arquivado dava outros poderes ao governo Lula, incluindo a capacidade de multar diretamente empresas de redes sociais. Mas outros projetos nocivos já foram aprovados, como o projeto do streaming que aumenta impostos sobre plataformas digitais. A negociação protege as BigTechs de futuras penalidades, mas não desfaz o estrago já feito no ambiente digital brasileiro.

Starlink versus China: a única parte que faz sentido

O acordo também prevê o término de qualquer cooperação do Brasil com a China no setor de satélites. Nesse caso, a empresa Starlink do Elon Musk poderia se beneficiar diretamente. O governo Lula aceitou congelar o acordo de colaboração com a empresa brasileira Telebrás e a empresa chinesa de satélite Space Sale, dando lugar à Starlink.

Essa é talvez a única parte do acordo que realmente beneficia o Brasil. A Embratel está fazendo um contrato para trazer outra operadora que levará internet para escolas, quando já existe a tecnologia da Starlink disponível. A Starlink é mais rápida, mais barata, entrega em dois ou três dias e tem qualidade superior a qualquer alternativa chinesa.

O governo Lula fez o contrato com a Embratel apenas por birra política com a Starlink. As empresas chinesas de satélite são literalmente falsificação – não têm nem um décimo da qualidade da Starlink. É tudo teatro tecnológico para fingir que existe competição quando na prática só a SpaceX oferece serviço de internet por satélite realmente funcional.

Chutar as empresas chinesas do setor de satélites no Brasil seria uma decisão positiva para o país e para os cidadãos. Mais qualidade, menor preço, melhor tecnologia. O problema é que mesmo essa decisão acertada está sendo usada como moeda de troca para manter outras violações em funcionamento.

Venezuela: Lula engrupindo Trump

A parte mais problemática do acordo é a colaboração para mudança de regime na Venezuela. O governo Lula garantiu aos Estados Unidos que ajudaria a convencer Nicolás Maduro a renunciar sem resistência militar. A ideia é que emissários brasileiros convenceriam o ditador venezuelano a sair do cargo, dispensando o uso de força pelos americanos.

Trump prefere evitar combates longos para não ter repercussões negativas na imprensa e na opinião pública americana. Existe um temor muito grande com a ideia de “botas no solo” – colocar soldados americanos na Venezuela. Os americanos ganhariam facilmente, mas inevitavelmente haveria algumas mortes de soldados. E cada morte seria explorada pela oposição de Trump nos Estados Unidos.

O problema é que Lula está claramente engrupindo Trump nessa história. Lula ama Maduro, são da mesma turma ideológica. Se Lula ajudar nessa questão, será para tirar Maduro temporariamente e recolocá-lo no poder mais adiante. É a estratégia Bolívia: sai agora para agradar os americanos, espera a poeira baixar e volta numa próxima eleição.

Lula vai tentar ajudar Maduro, mesmo que isso implique no ditador sair temporariamente do governo. Deixaria Maria Corina Machado governar uns anos e depois apoiaria Maduro numa próxima eleição. Nesse esquema, o Brasil seria rifado e Bolsonaro literalmente jogado debaixo do trem, sem alternativas políticas futuras.

Marco Rubio contra, Paulo Figueiredo prevendo derrota

Existe resistência dentro do próprio governo americano. O secretário de Estado Marco Rubio está desconfortável com a retirada da Lei Magnitsky. Ele entende que Trump está capitulando para Lula, sendo que Lula não é melhor que Maduro – são da mesma turma. Rubio prefere manter as sanções em vigor.

A palavra final é de Trump, mas a resistência de Rubio mostra que nem todo mundo no governo americano compra essa estratégia. Marco Rubio seria um presidente muito melhor que Trump, com uma visão mais clara sobre quem são os verdadeiros aliados e inimigos na América Latina.

Do lado brasileiro, Paulo Figueiredo postou uma passagem bíblica que indica resignação com uma possível derrota. Citou Miqueias 7:8: “Não te alegres a meu respeito, ó minha inimiga. Ainda que eu tenha caído, levantar-me-ei, ainda que seja das trevas, o Senhor será minha luz”. A mensagem sugere que ele já considera provável que as sanções sejam retiradas.

Paulo Figueiredo promete se levantar e continuar brigando mesmo diante da derrota. É uma postura correta. Guerra não é só vitória – você ganha de um lado, perde de outro. O importante é quem dura mais tempo na luta. Quanto mais perseverança na briga, maior a certeza de vitória final.

Por que esse acordo é insuficiente

O acordo é fundamentalmente problemático porque aceita as violações já feitas e apenas promete não fazer novas. É como um ladrão que rouba sua casa e depois promete não roubar mais – mas fica com tudo que já levou. Todas as leis de censura permanecem, todos os impostos continuam, todos os poderes abusivos se mantêm ativos.

A questão das terras raras é teatro puro, sem impacto real na geopolítica global. A colaboração no combate ao narcotráfico é lorota completa – Lula é amigo dos narcotraficantes, começando por Maduro. Se Trump cair nessa conversa, é porque quer ser enganado.

Mesmo a parte positiva do acordo – tirar as empresas chinesas do setor de satélites – tem um custo alto demais. Vale a pena trocar a internet de qualidade por manter a censura funcionando? Vale permitir que a estrutura de controle digital continue operando em troca de tecnologia melhor?

O mais grave é que esse acordo pode selar a sorte da oposição brasileira. Se Lula conseguir tirar Maduro da Venezuela, praticamente garante o alívio das sanções. E sem a pressão internacional, o governo brasileiro fica com as mãos ainda mais livres para perseguir opositores e controlar a informação no país.

No final das contas, Trump pode estar fazendo exatamente o que seus antecessores democratas fariam: sacrificar a liberdade dos brasileiros em nome de interesses geopolíticos maiores. A diferença é que desta vez a traição vem de quem deveria ser aliado da causa da liberdade.

Não existem soluções fáceis nessa guerra. Não tem milico de cavalo branco que vai salvar o dia. É uma luta longa, dolorida, com derrotas pelo caminho. Mas os corações e mentes do povo brasileiro estão do lado certo. A vitória final virá para quem tiver mais persistência na defesa da liberdade.

Diante desse cenário preocupante, resta saber: o povo brasileiro vai aceitar passivamente mais essa capitulação, ou está na hora de mostrar que liberdade não se negocia em pacotes diplomáticos?

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