dezembro 4, 2025

Ludwig M

Ex-general venezuelano entrega regime de Maduro a Trump

Ex-general venezuelano entrega regime de Maduro a Trump

Hugo Carvajal, ex-general de três estrelas do regime venezuelano e antigo diretor de inteligência militar, enviou uma carta detalhada ao presidente eleito Donald Trump. O documento, datado de dezembro de 2025, promete revelar as operações criminosas do governo de Nicolás Maduro contra os Estados Unidos. Mas uma pergunta permanece: dessa vez ele tem provas do que está denunciando?

O ex-militar, conhecido como “Pollo” Carvajal, está preso nos Estados Unidos por crimes de narcoterrorismo. Ele rompeu publicamente com Maduro em 2017 e fugiu da Venezuela sabendo que enfrentaria acusações criminais americanas. Agora, busca uma delação premiada que possa reduzir sua condenação.

A carta apresenta acusações graves contra o regime venezuelano. Carvajal detalha operações de narcotráfico, espionagem russa e infiltração de gangues criminosas em território americano. Segundo ele, tudo isso faz parte de uma guerra deliberada contra os Estados Unidos.

Porém, não é a primeira vez que o ex-general faz esse tipo de denúncia. Há meses ele promete apresentar evidências concretas de suas acusações. Até agora, nenhuma prova foi divulgada publicamente.

O Cartel dos Sóis e a guerra das drogas

Segundo Carvajal, o governo de Hugo Chávez se transformou em uma organização criminosa conhecida como Cartel dos Sóis. O grupo seria gerenciado atualmente por Maduro e Diosdado Cabello, número dois do regime. O objetivo seria usar drogas como arma geopolítica contra os Estados Unidos.

“As drogas que chegam nas suas cidades não são acidentes de corrupção”, escreve Carvajal na carta. “São políticas deliberadas coordenadas pelo regime venezuelano contra os Estados Unidos.” Segundo ele, o plano foi sugerido pelo regime cubano a Chávez no meio dos anos 2000.

O ex-general afirma que o regime venezuelano oferece armas, passaportes e impunidade para organizações terroristas operarem livremente. Entre os grupos mencionados estão as FARC, o Exército de Libertação Nacional, operativos cubanos e o Hezbollah.

Usar drogas como arma geopolítica tem precedentes históricos. A Inglaterra dominou a China no século XIX depois de introduzir ópio no país, viciando metade da população chinesa. Isso facilitou enormemente a conquista inglesa.

Mas a questão das drogas nos Estados Unidos é anterior aos regimes de Chávez e Maduro. A “guerra às drogas” foi declarada por Ronald Reagan em 1975, décadas antes da ascensão do chavismo. O problema existe há muito tempo e tem raízes mais profundas do que apenas a política venezuelana.

A Venezuela pode ter organizado estruturas para piorar a situação, mas a demanda americana por drogas é o motor principal desse mercado. Pessoas sabem dos malefícios das drogas e ainda assim as consomem. É difícil culpar apenas políticas externas por um problema fundamentalmente interno.

Trem de Aragua: gangue venezuelana em solo americano

Carvajal revela detalhes sobre o Trem de Aragua, uma das gangues criminosas mais perigosas da Venezuela. Segundo ele, estava presente quando a decisão foi tomada para organizar e armar grupos criminais em todo o país para proteger o regime.

Chávez teria ordenado o recrutamento de líderes criminais dentro e fora das prisões. Em troca de defender a revolução, eles receberiam impunidade total. Após a morte de Chávez, Maduro expandiu essa estratégia exportando criminalidade para o exterior.

A estratégia tinha dois objetivos: atingir venezuelanos no exílio e artificialmente reduzir os crimes dentro da Venezuela. Líderes criminosos receberam instruções para mandar milhares de membros para fora do país. Essa coordenação envolveu o Ministério do Interior, o ministério das prisões, a Guarda Nacional e as forças policiais.

“Quando Biden e Harris fizeram a política de fronteiras abertas, eles aproveitaram a oportunidade para mandar muitos desses terroristas nos Estados Unidos”, escreve Carvajal. Segundo ele, o regime agora tem pessoal armado e obediente em solo americano.

Para financiar suas operações, os membros do Trem de Aragua receberam instruções explícitas para continuar sequestros, extorções e assassinatos. “Cada crime que eles cometem no seu solo é um ato ordenado pelo regime”, afirma o ex-general.

A parceria entre governos de esquerda e organizações criminosas não é novidade na América Latina. No Brasil, há suspeitas de ligações entre políticos e grupos como PCC e Comando Vermelho. Mas a infiltração de gangues estrangeiras nos Estados Unidos é um problema anterior ao governo venezuelano atual.

Espionagem russa e operações de contrainteligência

O ex-diretor de inteligência revela operações de espionagem coordenadas com a Rússia e Cuba. Segundo ele, estava presente quando a inteligência russa propôs a Chávez interceptar cabos de internet submarinos que conectam a América do Sul ao Estados Unidos.

Em 2015, Carvajal alertou Maduro sobre os riscos de permitir que a Rússia construísse uma central de escuta ilegal na ilha La Orchila. Ele disse que isso seria “um convite para bombardeios americanos”. Maduro ignorou o alerta.

A ilha La Orchila fica na costa venezuelana, numa posição estratégica por onde passam cabos de comunicação importantes para toda a América Latina. Durante 20 anos, segundo Carvajal, o regime venezuelano enviou espiões para os Estados Unidos. Muitos ainda estariam ativos, alguns disfarçados como membros da oposição venezuelana.

A inteligência cubana teria mostrado suas redes dentro de bases navais na costa leste americana. Eles se gabavam de ter enviado dezenas de espiões ao longo de décadas. “Alguns são agora políticos de carreira”, afirma Carvajal.

Mais grave ainda: segundo o ex-general, diplomatas americanos e oficiais da CIA foram pagos para ajudar Chávez e Maduro a se manterem no poder. “Esses americanos agiram como espiões para Cuba e Venezuela e alguns continuam a atividade até esse momento.”

A Rússia realmente busca esse tipo de operação de inteligência. É evidente que mantém acordos com Venezuela e Cuba para apoiar esses regimes. Mas a CIA tem contraespionagem desenvolvida e os Estados Unidos certamente monitoram essas atividades.

Smartmatic e as acusações de fraude eleitoral

Uma das acusações mais controversas de Carvajal envolve a empresa Smartmatic. Segundo ele, a companhia “foi criada como uma ferramenta eleitoral do regime venezuelano, mas muito rapidamente se tornou uma ferramenta para ajudar o regime se manter no poder”.

Como ex-chefe do Conselho Nacional Eleitoral venezuelano (equivalente ao TSE brasileiro), Carvajal afirma que a Smartmatic reportava diretamente a ele. “Os sistemas Smartmatic podem ser alterados. Isso é um fato”, escreve na carta.

Segundo o ex-general, essa tecnologia foi exportada para outros países, incluindo os Estados Unidos. Ele afirma que operativos do regime mantêm relações com oficiais eleitorais e empresas de urnas eletrônicas americanas.

“Eu não estou dizendo que toda eleição é roubada, mas eu digo para vocês que certamente eleições podem ser adulteradas com o software e isso tem sido feito dessa forma”, declara Carvajal.

Mas essas acusações apresentam inconsistências óbvias. Se Maduro tinha controle total sobre o software das urnas, por que perdeu a eleição de 2024 no próprio país? Os boletins de urna emitidos pelas máquinas comprovaram sua derrota. Por que ele não usou essa suposta capacidade de fraude para se manter no poder?

Nos Estados Unidos, as principais suspeitas de irregularidades nas eleições de 2020 se concentram no voto pelos Correios, não nas urnas eletrônicas. O voto postal é realmente mais vulnerável a fraudes do que sistemas eletrônicos com múltiplas camadas de segurança.

As verdadeiras motivações por trás da carta

Hugo Carvajal não é um personagem novo no cenário político venezuelano. Há anos ele vem fazendo denúncias contra o regime de Maduro, sempre prometendo apresentar provas concretas. Até agora, essas evidências nunca apareceram publicamente.

O ex-general está numa situação jurídica delicada nos Estados Unidos. Condenado por crimes de narcoterrorismo, ele busca uma delação premiada que possa reduzir sua pena. Para isso, precisa oferecer informações relevantes e, principalmente, comprováveis.

A carta para Trump é conveniente demais para não despertar suspeitas. Ela fornece exatamente as justificativas que o novo presidente americano precisa para endurecer políticas contra a Venezuela. É um presente político embrulhado com todas as acusações que a direita americana quer ouvir.

Carvajal escreve: “Eu absolutamente apoio a política do presidente Trump em direção à Venezuela, porque é uma forma de autodefesa. Ele está agindo com base na verdade.” Essas palavras soam mais como bajulação política do que revelação de inteligência.

O sistema de justiça americano exige mais do que apenas palavras para aceitar uma delação premiada. É necessário apresentar evidências, documentos, gravações ou pelo menos indícios verificáveis das acusações. Falar é fácil. Provar é que são elas.

“Quando o Estado promete proteger, alguém sempre paga o preço da proteção.” No caso venezuelano, o povo paga com liberdade e prosperidade perdidas.

O que isso significa para a política externa americana

Se as acusações de Carvajal forem verdadeiras e ele apresentar provas, isso mudaria completamente a dinâmica das relações entre Estados Unidos e Venezuela. Trump teria justificativas sólidas para implementar políticas mais agressivas contra o regime de Maduro.

A carta menciona ameaças diretas à segurança nacional americana: narcotráfico organizado, gangues armadas em território americano, espionagem russa e infiltração de agentes cubanos. São questões que vão muito além de diferenças ideológicas.

Trump já demonstrou disposição para confrontar regimes autoritários na América Latina. Durante seu primeiro mandato, aumentou sanções contra Venezuela e reconheceu Juan Guaidó como presidente legítimo. Com essas novas acusações, poderia ir ainda mais longe.

Mas a política externa eficaz precisa se basear em inteligência confiável, não apenas em depoimentos de interessados. Carvajal tem motivações óbvias para dizer o que os americanos querem ouvir. Suas palavras precisam ser verificadas independentemente.

O regime de Maduro realmente representa uma ameaça para a região. Isso é evidente pela crise migratória, pelo colapso econômico venezuelano e pelas ligações com regimes autoritários como Rússia, China e Irã. Mas combater essa ameaça exige estratégia baseada em fatos, não apenas em desejos.

“Informação é poder. Desinformação é manipulação.” No caso Carvajal, ainda não sabemos qual das duas estamos vendo.

O padrão das promessas não cumpridas

Esta não é a primeira vez que Hugo Carvajal promete revelar segredos explosivos do regime venezuelano. Há dois meses, ele já havia anunciado que apresentaria provas definitivas de suas acusações. As evidências nunca apareceram.

O ex-general segue um padrão típico de quem busca delação premiada: faz acusações bombásticas, promete provas, ganha atenção da mídia, mas nunca entrega material concreto. É uma estratégia de procrastinação que pode estar comprando tempo para negociar melhores condições.

Delação premiada não é só sobre falar. É sobre provar. O sistema judicial americano tem critérios rigorosos para aceitar colaborações. O delator precisa oferecer informações verificáveis que levem a novas investigações ou condenações.

Carvajal termina sua carta prometendo: “Eu continuo pronto para prover detalhes adicionais sobre esses assuntos para o governo americano.” É exatamente o que ele vem dizendo há meses. Detalhes são importantes, mas evidências são essenciais.

O ex-general pode estar jogando com expectativas políticas em vez de colaborar genuinamente com a justiça. Suas denúncias são convenientes demais, chegam no momento político certo e dizem exatamente o que determinados grupos querem ouvir.

“A verdade não precisa de marketing. Precisa apenas de evidências.” Carvajal ainda deve essas evidências ao mundo.

A situação de Hugo Carvajal ilustra um problema mais amplo na política contemporânea: como distinguir informação confiável de narrativas interessadas. Suas acusações podem ser verdadeiras, mas sem provas concretas, permanecem apenas como afirmações de alguém com motivações óbvias para mentir.

O regime de Maduro certamente comete os crimes descritos por Carvajal. Mas se realmente queremos combater essas práticas, precisamos de evidências sólidas, não apenas de depoimentos convenientes. A justiça e a política externa séria exigem mais do que palavras bonitas em cartas bem escritas.

E você, acredita que dessa vez Carvajal realmente apresentará as provas prometidas, ou isso é apenas mais uma tentativa desesperada de reduzir sua condenação?

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