
O empréstimo bilionário e a falsa segurança econômica
Os Correios acabam de aprovar um empréstimo de 20 bilhões de reais, uma quantia astronômica, vindo de uma empresa já à beira da falência. Este empréstimo, tecnicamente, possui garantia do Tesouro Nacional, o que, em termos mais claros, significa que o verdadeiro garantidor deste montante é o contribuinte brasileiro. A prática escancara a lógica perversa do Estado, onde as promessas de segurança econômica mascaram um sistema que tira dos trabalhadores para sustentar ineficiências.
A dependência do Estado para financiar tal operação coloca em evidência o argumento libertário de que o mercado livre seria mais eficaz em resolver a falha dos Correios. O mercado pune a ineficiência com o fechamento de empresas improdutivas, enquanto o Estado as abraça e sustenta com fundos públicos. A racionalidade econômica é substituída por decisões políticas que ignoram as leis do mercado.
O que aconteceria se os Correios fossem uma empresa privada? Provavelmente, teria enfrentado uma fusão, reestruturação ou até mesmo falência. Mas sendo uma estatal, seu destino está entrelaçado com os interesses do governo em perpetuar uma estrutura que já não deveria existir.
Enquanto os bancos, incluindo Banco do Brasil e BTG Pactual, entram no processo sem risco real de perda, graças à garantia estatal, o contribuinte se vê na posição de codevedor apesar de não ter autorizado tal compromisso. É um cenário em que poucos saem ganhando, sempre à custa de muitos.
O impacto dos prejuízos milionários sustentados pelo público
O cenário financeiro dos Correios é o retrato de uma instituição que se deteriora progressivamente. Em 2025, a empresa já registrava um prejuízo acumulado de mais de R$ 6 bilhões, projetando um rombo de 10 bilhões de reais até o final do ano. Estes números demonstram não apenas uma gestão ineficiente, como também a incapacidade de adaptação frente às mudanças do mercado global.
A plataforma online de comércio, com sua explosão de inovação, deixou os Correios para trás, evidenciando seu atraso em comparação com concorrentes privados ágeis. A necessidade de uma reestruturação interna que nunca chega faz parte de uma narrativa estatal conhecida: quanto maior o prejuízo, maior o volume de dinheiro público exigido, criando um ciclo vicioso de desperdício de recursos.
Se há algo que o mercado ensina, é que a incompetência é punida com a saída do mercado. Porém, o modelo dos Correios reflete exatamente o oposto: quanto maior a incompetência, maior a generosidade estatal. Esta inversão de incentivos é uma aberração para qualquer defensor do livre mercado.
A garantia do governo a empréstimos não faz mais que desestimular reformas verdadeiras, perpetuando uma cultura de dependência e irresponsabilidade financeira. Afinal, o governo nunca arcará com a carga, enquanto os custos são sempre repassados aos cidadãos.
Correios: entre a falência e o resgate eterno
Se o Brasil desejasse realmente entrar no século XXI no que tange aos serviços postais, a privatização dos Correios já deveria ter se concretizado. No entanto, o status quo é mantido por interesses políticos que favorecem uma estatal antiquada às custas do progresso econômico do país.
Privatizar os Correios não é sobre vender patrimônio público, mas sim sobre libertar o mercado de um monopólio ineficaz. A mudança permitiria que empresas mais eficientes tomassem o seu lugar natural, permitindo um avanço logístico que beneficia consumidores, empresas e a economia como um todo.
A resistência à privatização, muitas vezes pintada como defesa dos interesses nacionais, esconde verdadeiros motivos: o uso dos Correios como moeda política e o temor de perda de poder por parte de burocratas estatais. Mas à medida que o tempo passa, é cada vez mais insustentável ignorar a realidade de uma instituição que permanece paralisada no tempo.
Enquanto estatais são mantidas artificialmente vivas através de dinheiro público, nos tornamos coniventes com uma política de suporte que suprime a verdadeira competitividade e inovação do mercado livre.
Estado: o verdadeiro vilão do livre mercado
O Estado, em seu papel de interventor econômico, transforma o sistema de mercado num teatro onde o mérito e a eficiência cedem lugar a interesses políticos. Tal como no caso dos Correios, as garantias estatais minam a noção de risco, pilar essencial do empreendedorismo e do crescimento econômico.
O chamado ‘resgate econômico’, executado pelo governo, é, na prática, um uso forçado do dinheiro do contribuinte para sustentar iniciativas fracassadas. Essa dinâmica é mantida sob o disfarce de ações necessárias para a estabilidade econômica, mas na verdade, trata-se de privilégios para poucos, enquanto a maioria paga a conta.
No modelo ideal de livre mercado, cada ator seria responsável por suas decisões, arcando com os custos de suas escolhas. No entanto, num cenário onde o Estado age como salvaguarda de ineficiências, a responsabilidade é diluída, criando um sistema onde o erro compensa.
Chamar a intervenção estatal de ajuda econômica camufla um roubo sistemático. O dinheiro do contribuinte, tomado sob a ameaça de coerção, é desviado para sustentar sonhos inviáveis de empresas estatais. Esta visão deturpada da economia só persiste devido à retórica de proteção estatal, que ignora propositalmente o potencial transformador do mercado livre.
Conclusão: perpetuando o ciclo do prejuízo
A recente decisão dos Correios de contrair um empréstimo bilionário é um símbolo do ciclo vicioso que prende o Brasil à mediocridade estatal. É um lembrete brutal de como o governo utiliza a força coercitiva para sustentar uma estrutura fracassada que deveria, por mérito próprio, ser encerrada.
No cerne desta questão está o debate essencial sobre qual é o papel do Estado na economia. Enquanto seguimos resgatando estatais antiquadas, perdemos a oportunidade de abraçar a inovação e eficiência que o mercado certamente traria.
Você ainda acredita que salvar esse tipo de empresa é responsabilidade do governo, ou já entendeu que só o mercado pode prover as soluções necessárias? Comente abaixo e faça parte da discussão sobre o futuro das nossas instituições econômicas.


